EFD-Contribuições, EFD-Reinf e DCP estão com os prazos se esgotando até sexta-feira. Confira
Área do Cliente
Notícia
Reforma da Renda: implicações e desafios para o sistema tributário brasileiro
Entenda as implicações econômicas e sociais dessa proposta
A discussão sobre a reforma tributária no Brasil sempre foi centrada, historicamente, na tributação do consumo. No entanto, nos últimos anos, cresce a pressão por uma reformulação mais profunda e estrutural do sistema que inclua a tributação da renda e do patrimônio, com o objetivo de torná-lo mais progressivo, justo e eficiente. Ainda em formulação, a chamada “reforma da renda” traz implicações econômicas e sociais relevantes, que merecem uma análise crítica.
O sistema tributário brasileiro atual é regressivo: os mais pobres pagam, proporcionalmente, mais tributos que os mais ricos, sobretudo por meio da tributação indireta (como o ICMS, por exemplo). A reforma da renda busca inverter essa lógica, aumentando a carga tributária sobre os que têm maior capacidade contributiva — por exemplo, ampliando a tributação sobre lucros e dividendos, fundos exclusivos, grandes patrimônios e heranças.
Essa mudança é, em tese, positiva do ponto de vista da equidade tributária. No entanto, enfrenta resistência de grupos com forte poder de lobby, como grandes investidores, setores do mercado financeiro e parte do empresariado, o que pode enfraquecer ou desvirtuar a proposta final.
Sob essa perspectiva, o projeto de Lei 1.087/2025 propôs uma ampla reforma no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), sendo apresentado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados com mudanças significativas e foco na progressividade tributária. O relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), surpreendeu ao manter a alíquota de 10% para o Imposto de Renda Mínimo sobre altas rendas, apesar de anteriormente ter cogitado reduzi-la para 9% devido à estimativa de arrecadação superior ao previsto.
A proposta altera a Lei 9.250/1995 e cria o Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM), com aplicação a partir de 1º de janeiro de 2026. O tributo garantirá que pessoas com renda anual superior a R$ 1,2 milhão paguem no mínimo 10% de imposto. A arrecadação excedente será destinada a compensar Estados e municípios e, posteriormente, a reduzir a alíquota-padrão da nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), impedindo seu uso para geração de superávit primário.
A chave está em desenhar uma reforma que diferencie tipos de renda (trabalho x capital), preserve pequenos e médios investidores e incentive reinvestimentos produtivos, ao mesmo tempo em que corrige distorções como a isenção ampla de dividendos, vigente desde 1995.
Um dos principais ganhos esperados com a reforma é a simplificação do sistema, hoje marcado por complexidade, insegurança jurídica e brechas legais que favorecem a elisão e a evasão fiscal, especialmente por meio de planejamento tributário agressivo feito por grandes grupos econômicos.
Com a revisão da tributação de lucros e dividendos, das estruturas de “pejotização” indevida e dos regimes favorecidos para grandes fortunas, espera-se uma maior transparência e equidade. Entretanto, a eficácia da reforma dependerá do aprimoramento da fiscalização, da integração de dados entre Receita Federal e outros órgãos e do investimento em inteligência tributária.
Um ponto sensível da reforma da renda é o impacto sobre profissionais liberais e classes médias altas, que muitas vezes usam a pejotização como forma de reduzir carga tributária. A mudança nas regras pode aumentar a tributação sobre essas faixas, gerando resistência e exigindo calibragem adequada para não penalizar excessivamente quem gera emprego e renda com alto grau de formalidade.
Se bem executada, a reforma da renda pode aumentar a arrecadação com maior justiça social, permitindo a ampliação de programas de transferência de renda, saúde, educação e infraestrutura — pilares fundamentais para a redução da desigualdade no Brasil.
Contudo, é essencial que a arrecadação adicional seja vinculada a políticas públicas efetivas, com transparência no uso dos recursos e eficiência no gasto público. Caso contrário, a reforma poderá ser percebida apenas como um aumento de carga tributária, sem retorno visível à sociedade.
Conclusão
A reforma da renda é imprescindível para modernizar o sistema tributário brasileiro e aproximá-lo dos padrões mais justos e eficientes do mundo. No entanto, seu sucesso depende de coragem política, transparência, equilíbrio técnico e diálogo com a sociedade.
Ela deve ser construída com foco na redução das desigualdades, mas sem comprometer a competitividade econômica nem desestimular a formalização e o investimento. É uma oportunidade histórica de corrigir distorções profundas e reconstruir a confiança entre o contribuinte e o Estado — desde que não se perca em concessões corporativas que distorçam seu propósito original.
Notícias Técnicas
Ajustes em NF-e, NFC-e, CT-e e outros documentos serão necessários para atender às novas exigências do IBS, CBS e IS da reforma tributária
10ª Boletim MTE/DIEESE foca em saúde mental e destaca 18 boas práticas que promovem bem-estar, prevenção ao adoecimento e enfrentamento ao assédio no ambiente de trabalho
Operação nacional verifica se empresas cumprem lei que obriga oferta de local de guarda, convênio com creches ou pagamento de auxílio a mães com filhos pequenos
Como o pagamento fracionado split payment afeta a gestão financeira e contábil das empresas brasileiras
Notícias Empresariais
Seja na foto de perfil profissional, na página de vendas ou na apresentação a investidores, talvez valha seguir o conselho popular: fale menos, sorria mais
A inteligência artificial, ao lado de mudanças estruturais nos setores de maior crescimento, é um dos principais motores dessa tendência
Como nem sempre é possível contratar um profissional da área ou uma agência para cuidar da divulgação da sua marca, por exemplo, muitos pequenos e médios empreendedores colocam a mão na massa
Edital de transação de pequeno valor da AGU oferece descontos de até 50% e parcelamento em até 60 meses
PL nº 1.087 propõe tributação de dividendos de 10% para investidores não residentes, podendo incentivar recompra de ações por empresas
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.
Veja as atribuições da profissão e a média salarial para este profissional