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FIDCs se capitalizam e avançam como alternativa de crédito para empresas

O patrimônio líquido desses fundos no Brasil, de R$ 270 bilhões em 2020, subiu para R$ 690,5 bilhões em abril deste ano, crescimento de 155%

O varejo brasileiro tenta driblar crises financeiras potencializadas pelas elevadas taxas de juros no país. A Selic hoje é de 15% ao ano, sem perspectivas de queda.

E as razões são muitas, desde mudanças de hábitos de consumo, avanço de e-commerce e sites estrangeiros, competição acirrada em vários canais de venda, alta da inadimplência e por aí vai.

O resultado é que, no ano passado, entre todos os setores, foram registrados 2.273 pedidos de recuperação judicial no país, número recorde. O varejo respondeu por 575 solicitações.

O total de pedidos de recuperação representou um aumento de 61,8% em relação a 2023. No caso do varejo, a alta foi de 51,7%, de acordo com levantamento da Serasa Experian.

As redes de varejo que já recorreram à recuperação judicial nos últimos anos não são poucas. Os destaques são: Americanas, Marisa, Tok&Stok, Casas Bahia, Polishop, Dia, Saraiva, Ricardo Eletro (Máquina de Vendas), SouthRock (Subway), Casa do Pão de Queijo e SideWalk.

Geralmente, as empresas entendem que recorrer a esse expediente legal é uma opção para evitar a falência diante da dificuldade de acesso ao crédito, de juros altos e inadimplência.

Mas há uma alternativa para a obtenção de crédito que tem crescido no Brasil: os chamados FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), cada vez mais usados pelo varejo.

Quem trabalha com os FIDCs diz que eles são uma opção para as empresas que estão endividadas com bancos e, por isso, não conseguem mais dinheiro para tocar o negócio.

Os FIDCs representavam 3% do mercado de capitais há 5 anos e hoje já participam com 6%, de acordo com Ricardo Siqueira, sócio da Dynavolt Advisors, especializada em fazer a ligação entre empresas e o mercado de capitais.

Em abril deste ano, existiam cerca de 3,3 mil FIDCs ativos no mercado brasileiro, número 70% maior que o de 2020.

O patrimônio líquido dos FIDCs no Brasil era da ordem de R$ 690,5 bilhões em abril, valor 155% maior do que o de 2020 (R$ 270 bilhões).

Varejistas e fornecedores, de acordo com Siqueira, estão demandando cada vez mais os créditos dos FIDCs, principalmente por causa das facilidades para obter os recursos.

O custo do dinheiro em relação aos bancos pode não ser a grande vantagem, já que a taxa de juros vai depender da situação da empresa e de negociações entre as partes.

“O fato é que hoje há cerca de R$ 690 bilhões de capital à disposição das empresas, uma alternativa para o empresário que vai ao banco e enfrenta a cara feia dos gerentes”, diz.

O que tem dificultado o acesso ao crédito nas instituições financeiras por parte das empresas, diz, também é o fato de todos os empréstimos feitos por uma companhia estarem integrados.

“Antigamente, o empresário ia pedir empréstimo em um banco, já endividado com outra instituição, e um não ficava sabendo dos números do outro. Hoje, não tem jeito”, afirma.

Em conversas com empresários do varejo e seus fornecedores, Siqueira diz que chega a dar dó de ver que a empresa tem marca, mercado, produto, mas não consegue crédito para tocar o negócio.

“Os FIDCs não olham as dívidas com os bancos, dão a possibilidade de as empresas alongarem as dívidas. Uma empresa que deve para três bancos pode unir todas as dívidas e ficar devendo só para o fundo.”

Em uma operação realizada há menos de três meses, a taxa negociada entre a empresa e o fundo foi IPCA (5,32%) mais 1,19% ao mês (5,75%).

“O ganho para a empresa não necessariamente pode estar na melhor taxa de juros, e sim na consolidação das dívidas, na flexibilidade em relação às garantias (marcas, patentes, contratos de longo prazo), além da disponibilidade de dinheiro para emprestar”, diz.

Criado em 2021, o FIDC Yaaleh tem hoje um patrimônio de R$ 160 milhões, valor que deve subir para R$ 200 milhões até o final do ano.

Flávio Meilman, sócio do fundo, diz que 90% do valor já estão emprestados. Um dos modelos de empréstimos do fundo é destravar negócios em que há limite de crédito.

“Um fornecedor só dá limite de R$ 50 mil para um lojista, que quer comprar R$ 100 mil em produtos. O FDIC entra para viabilizar a operação. Pago o fornecedor e recebo as vendas de cartão de crédito do varejista, por exemplo”, diz.

De acordo com Meilman, os FIDCs têm estruturas mais leves, novos financiadores, serviços mais personalizados, enquanto os bancos são players mais engessados, burocráticos.

“São soluções para o momento em que as taxas de juros não param de subir, são alternativas, novas fontes de crédito”, diz.

O Yaaleh tem uma carteira de cerca de 100 clientes, com operações curtas, de 30 a 90 dias, que podem ser renovadas.

A regra é que o FIDC tenha pelo menos 67% do patrimônio alocado, investido em direitos creditórios. “Por essa razão, estamos com mais cautela para aumentar o tamanho do fundo.”

Por demanda de investidores, diz Meilman, existe a possibilidade de dobrar o valor do fundo. “Só que não adianta trazer investidor se não tenho bons ativos. O que falta hoje para os FIDCs no país é ter boas operações de crédito.”

Para Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector, os FIDCs estão sendo a salvação financeira de muitas empresas neste momento no país.

Em 2024, a captação dos FIDCs foi de R$ 81,4 bilhões, valor 86,1% maior do que o de 2023. O número de operações totalizou 918, número 56,4% maior do que o do ano anterior, puxado por empresas menores.

“Se a travessia da empresa no deserto ia durar um ano, pode diminuir para seis meses. Vai ter um período maior para enfrentar as dificuldades financeiras, até porque a taxa de juros vai demorar para cair no Brasil”, diz Silveira.

De acordo com ele, a taxa real de juros em 2026 ainda deve ficar em 10%.

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